23.10.13

Prisão

Ontem chorei como nunca tinha chorado. Um choro de sentimentos frescos - raiva, amor, ódio...
Ontem senti-me pela primeira vez presa no meu próprio corpo que ansiava por explodir. A minha cabeça palpitava sem fim parecendo pesar toneladas, a adrenalina apoderou-se de mim e do meu respirar que se tornara ofegante, os meus pensamentos voavam a mil à hora.
... O tempo passara.
A energia que me sufocava acabou por fim. Senti-me de imediato doente, febril de tristeza, o latejar da cabeça permanecia, a minha voz ficou sem força.
Neste misto de sentimentos, apaguei a luz e deixei o peso do meu corpo ser suportado pelo meu colchão e por uma complexidade de almofadas que enfeitam a minha cama.

Hoje acordei atordoada, perdida. Os pensamentos perdiam-se na saudade e a saudade perdia-se nas memórias que existem, nas boas e nas más. Sinto-me confusa, sinto que cheguei a um percurso da vida em que tenho de escolher um dos dois caminhos que se apresentam à minha frente. Num deles está a minha felicidade, a minha plenitude. No outro o meu decaimento mental que se manifesta lentamente no meu físico, a minha morte. Os caminhos não se encontram identificados. Que faço eu à minha vida? É um jogo de tudo ou nada.

Mariana Jerónimo

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