Era dia 7 deste mês, fazia anos e ainda não tinha prenda para lhe dar. Fui rapidamente tratar disso, nada lhe podia faltar no seu dia.
Olhei para um casaco e pensei para mim mesma "É a cara dela". Voltei para casa e nunca mais chegava a hora de ela regressar do seu dia de trabalho, estava ansiosa para lhe mostrar o que lhe tinha comprado. Quando por fim senti o portão a abrir, corri em direcção à porta. O som do seu tacão alto embatendo no chão que me é tão familiar fez-me esboçar um sorriso verdadeiro. Até que a vi entrar (...) Os seus olhos estavam vermelhos e as suas pestanas molhadas, mostrava-se com aquele ar de quem limpara as lágrimas à pressa. O meu sorriso desmoronou-se.
- Que se passa mãe? Porque estás assim?
- Ligaram-me do hospital...
Ela desfez-se em lágrimas, corri para a abraçar mas ela afastou-me limpando as gotinhas salgadas que lhe escorriam pelo rosto. Sei que me quer transmitir uma imagem de mulher de força mas eu conheço como ninguém o seu coração de manteiga. Fugiu para o quarto para eu não ver a sua tristeza mas eu fui atrás. Nunca a deixarei sozinha nesta fase tão dificil para ela. Só me apetece dizer-lhe ao ouvido "Vai tudo correr bem" e deixá-la chorar nos meus braços.

Amo-te Dona Isabel.